segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Antes isso...

Desejo apenas que eu não perca, mesmo com as arranhaduras da vida, a capacidade de sentir paixão e indignação. Mesmo que o comodismo seja a grande tentação da nossa mediocridade, mesmo sofrendo os choques e arrepios dos que sentem em demasia, mesmo que cada pequena curva do caminho ganhe o temor e a beleza dos grandes penhascos. Antes isso que a covarde entrega às superficialidades: a existir sem viver, a repartir sem compartilhar, a beber sem brindar, a vencer sem ajudar, a conseguir sem agradecer, a engrandecer sem simplificar, a progredir sem trabalhar, a obter sem merecer, a ler sem imaginar, a desfrutar sem abdicar, a somar sem doar, a perder sem aprender, a aprender sem apreender, a errar sem reconhecer, a falar sem escutar, a escutar sem compreender, a orar sem acreditar, a afirmar sem duvidar, a envelhecer sem mudar, a mudar sem saber, a saber sem transformar, a entender sem aprofundar, a querer sem lutar, a pensar sem desenvolver, a pretender sem arriscar, a ter sem cuidar, a conhecer sem cativar, a sugerir sem disponibilizar, a receber sem retribuir, a conviver sem ceder, a gostar sem encantar, a sorrir sem alegrar, a desistir sem lutar, a discordar sem defender, a rebater sem respeitar, a resistir sem provar, a encher sem transbordar, a ver sem enxergar, a limitar sem ultrapassar, a temer sem encarar, a padronizar sem inovar, a obedecer sem contestar, a elogiar sem admirar, a amar sem AMAR. Porque, enquanto tudo isso é alimento para a nossa ignorância, é inanição para a nossa alma.

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